Conversaram por pouquíssimos minutos e logo o senhor Mário Vandoni saiu da casa, raivoso, praguejando à todos os deuses e lamentando sua vida, pois todos seus labutos foram em vão.
- Senhorita Hammie, está Vandoni retornando às pressas! Parece-me ele estar morrendo de amores por vós, pois saiu inexorável dizendo que não mais pisaria neste chão e agora volta confuso, parecendo ébrio. A loucura lhe subiu aos neurônios! _ gritou o serviçal afoito.
- Que o diabo carregue tais palavras, Hugo! Ele virá vingar-se, pois nunca aceitará que as últimas palavras de nossa discussão se tenham proferido desta boca. _ alarmou Catarina, na esperança de que se não descobrissem seus segredos.
- Minha senhora _disse Vandoni entrando na casa_ podes tu perdoar-me? Sei quão garbosa és. Vossa beleza, impérvia. Pudera eu lenir-te de tanta formosura. Não quero parecer-te a ti gárrulo... Sendo assim, responda-me o que quiseres e faças de mim teu fiel ouvinte, pois sonho com tua voz há meses.
- Ora, os erros teus foram-me veniais. Pareces sincero, e tens meu perdão. Mas, do que queres conversar senhor Vandoni ?_perguntou Catarina, asperamente, sem titubear.
- Oh, continue a falar senhora minha... _ brincou Vandoni _ Pois não importa-me isto. Como já a informei, sonho com tua voz há tempos. Que exímio de voz! Presenteias-me dizendo o que for.
- Oh Mário, cesse com estes galanteios falaciosos, por favor. Pois sei que clausura o são. Sem mais enrolar-me, digas o que de exórdio viera vossa mercê fazer em minha casa._suspirou Catarina de amores sutilmente_ Ah, chá?
- Sim, por favor._ sorriu Mário à Catarina _ Pois bem, se vossa mercê austeramente diz o que pensas, entendo. Porém, não diga o que não sabeis, pois, maviosa e sinceramente elogio-te. E aqui estava eu de início para convidar-te ao desjejum em minha casa amanhã_ disse Mário lentamente esticando suas mãos e entregou-a um elegante convite.
- Oh, sim. Obrigada, galanteador funesto. _ disse Catarina por um tom de voz carregado de ironias.
- Não o sou. _ defendeu-se Mário _ Agradeço-te por não matar-me com a beleza tua. Até logo senhorita “Pro-ce-la” – silabeou Vandoni em tom de gracejo.
- Lá estarei amanhã, senhor Trom Silvo _ vingou-se Catarina.
- Suas chistes não perdem à nenhuma deste mundo_ piscou um Mário sorridente ao se curvar diante de Catarina.
- Falo o que penso._ disse Catarina estendendo a mão.
- E pensas de maneira peculiar. Donairíssima és._ e beijou-lhe a mão.
- Vá, senhor Mário Vandoni, com a certeza de ver-me em sua casa pela manhã, para o desjejum.
- Esperarei ansiosamente, senhorita Catarina Hamiie. _ bradou Vandoni, saindo rapidamente.
- Anciosamente esperarei _ disse Catarina por baixíssima voz.
- Não queria ferir-lhe o brio, mas a senhorita sempre o amou, ou aqueles amores lhe vieram todos à tona nesta manhã?_disse Hugo preocupado.
- Hugo, cala-te! Vandoni é somente um antigo amigo do qual terei eternas mágoas por não ter vindo até mim quando mais eu o quis por perto. Muito ao contrário, me deixou a esperá-lo por anos. Já o arranquei do coração. Não há como costurar-me, pois meu fel cortaria qualquer linhal do amor.
- Então por qual motivo vais vê-lo? Queres tu matá-lo de esperanças amorosas? E por que disse a Vandoni que o perdoara?! _ perguntou Hugo como um pai.
- Meu desejo é que Vandoni volte de onde saiu, e esqueça-me como eu já o esqueci. E vossa mercê sr.Hugo, basta de perguntas. _ disse Catarina calmamente sem responder as perguntas que Hugo fizera.
Pâmela Cardoso.