nas entrelinhas de um anjo

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quinta-feira, 21 de junho de 2012

cruel é a luz

Deixar esta pele por aqui e ir
Não voltar atrás, sangrar e partir.

Vorazmente desejosa pela paz
Desossou, rude, até o quadril esquerdo
Debaixo para cima, o maldito fardo.

Aqueles quadris nunca mentiam
Quando dançavam à luz da lua.

Sempre soube onde chegar 
com um só par 
de pernas.

Você é uma estrela agora, um sonho.
Nasceu, e logo, perdeu-se ao céu
Torcendo para não sobreviver.





domingo, 27 de maio de 2012

amar é insistir, quiçá




A princípio, os quatro dias, deveriam prolongar-se assim, sem mais mudanças. Mudança era o que menos precisava, é o que eu menos preciso, risos.

Se quer saber, realmente julgo que você deveria ter esperado, naturalmente, infantilidade em meus atos. E todo aquele um mês não parece ter existido, visto daqui.

Com toda a nossa camuflada pressa não chegamos a algum lugar nenhum. Logo, eu disse adeus, tão breve, que você não ousou insistir. Nenhum deles insistiram, e disso eu bem me lembro. 
Então, por favor, não diga aos seus amigos que eu parti o seu coração. Eu parti, sim, de nós, fui imatura, desapareci efêmera e breve. 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

somos apenas um instante, moça

O quanto permaneceu aqui, foi por eu a estar segurando as mãos. Eu dizia "olá, dê-me um sorriso". Mas ela está a procura da morte ao deitar em ruas movimentadas, e perigosamente coloca-me em sua algibeira. Estavamos tontos. 
Soltei-a.                                          Pâmela Cardoso
                                             

domingo, 18 de março de 2012

Ao som de Itzhak Perlman

Começa lembrando ter vivido mais atrás,
menos antes, talvez pouco, de todo o breve.
Nascera sequer, em seu lugar ?
Poder ser de onde quiser, porque
a gente quase sempre morre e quase nunca sabe.
Aonde você está indo ?
Rosa, onde irei te sepultar, não vá se assustar
vai ser num bom lugar, lá você quer estar.
No cais de duvidar, perguntamos:
O que faremos quando a Rosa secar?
Quando ela diz: "pra quê ficar?"

                                 Pâmela Cardoso


sábado, 11 de fevereiro de 2012

fome de amigos

Eles andam brigando para cumprir horários.
Estou a 80 quilômetros por hora.
São 07:07 da manhã, e
Eu até que pensei em fugir.
E até se vocês, talvez,
Estivessem escutando meus gritos interiores.
Estou rastejando, mas vocês devem imaginar.
São 7:15, e nesta sala de horrores
Acabei de chegar.
Eu não sou mais.
Ele foi um desenho que não funcionou.
Mas eu não desisti, ainda.
                                                               Pâmela Cardoso.

logo

Cansando de toda essa melancolia.
Essa minha mania de monotonia.
Ah, é porque escrevem errado.
Mas minha paixão me espera.
E eu vou sorrir com ela.

                                   Pâmela Cardoso.

azuis

                 " Meus pássaros todos sumiram, num abraço de adeus." Pâmela Cardoso
                                         

meio que meu anestésico incomum

Aquela cela, parede, mar de letras
Que neutralizam minha dor.
Me deixa aqui o tempo inteiro,
Se preciso for.
Eu não quero me lembrar.
Nem mesmo recordar.
Seletivamente eu vou me virar,
Au revoir!


                              Pâmela Cardoso

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

vácuo

Deitada no chão do banheiro
Sob a água do chuveiro pra relaxar.
Este não é o meu lugar,
Aqui, as pessoas não sabem escutar.
                                          Pâmela Cardoso.

domingo, 22 de janeiro de 2012

deves-me tanto.

Um muro que já escalei tantas vezes.
Aquele que é um buraco.
Um buraco que deixaram de mim.
Mar de heroínas que morri. que matei. que fui.
Máscaras mortas que arranquei de ti.
Arranca essa escuridão que não te deixa ver 
que eu amo você.
Quiçá nunca acenderá uma luz,
exceto ao amor.
                                                                                Pâmela Cardoso
             

como você está feliz,

Seus neurônios borbulharam naquela noite. Esquecera o rosto de alguém. Uma mulher, presumo.
Enquanto um choro levava seu sono trivialmente, eu não pude deixar de perceber que andas mordendo os lábios constantemente, por saber que ninguém vai estar lá.
Observo bem, aqui do sétimo andar. E ela adoraria ver isso.
Saiba, nunca foi. Porque não permitiu. Gratidão traz remorso à você. 
Dos risos que sorriram juntos, abriu mão. 
Como você está feliz, e sabe que não.
                                                                                                       Pâmela Cardoso.